Chuva mata ao menos 12 e desaloja milhares no Sudeste

05/01/2012 14:54

Em Petrópolis, na região serrana do Rio, desabamentos voltaram a preocupar a população, que sofreu com enchentes em 2011. Foto: Prefeitura de Petrópolis/Divulgação

Em Petrópolis, na região serrana do Rio, desabamentos voltaram a preocupar a população, que sofreu com enchentes em 2011
Foto: Prefeitura de Petrópolis/Divulgação

As fortes chuvas que vêm atingindo o Sudeste do País deixaram ao menos 12 mortos e milhares de desalojados em Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, decidiu na última terça-feira interromper as férias para acompanhar de perto a situação. A pasta é responsável pela Secretaria Nacional de Defesa Civil (Sedec), que coordena ações de prevenção e socorro. As chuvas já haviam interrompido o recesso da ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que convocou reunião para avaliar a situação nos Estados e definir medidas emergenciais.

O governo afirmou que está enviando especialistas para reforçar o trabalho de alerta e prevenção de desastres provocados pelas chuvas nos três Estados. A situação mais grave é em Minas Gerais, onde há cinco vítimas fatais. A última morte confirmada foi a de um homem ainda não identificado no município de Guidoval, na Zona da Mata. Ele foi levado pela correnteza ocasionada pela enxurrada que assola a região. Em Ouro Preto, os bombeiros procuram uma pessoa soterrada no deslizamento de um barranco.

Ainda há duas pessoas desaparecidas em Guidoval: uma mulher em Santo Antônio do Rio Abaixo, que teve a casa levada pela enchente, e um homem em Ponte Nova. O número de cidades que decretaram situação de emergência em Minas subiu para 53. Os feridos somam 32 em todo o Estado e os desabrigados chegam a 404.

Na tarde de ontem, o governador Antonio Anastasia (PSDB) e o vice-governador Alberto Pinto Coelho se reuniram com secretários de Estado, comandantes da Defesa Civil, Polícia e Bombeiros Militares para uma avaliação dos estragos causados pelo mau tempo. Anastasia determinou que todas as áreas do governo priorizem a ajuda à população atingida.

Mais de 3 mil desalojados no Rio
Último boletim sobre a chuva que atinge o Rio de Janeiro, divulgado ontem pela Defesa Civil, aponta que chegou a três o número de mortos pelas chuvas. O órgão registrou ainda que 3.108 moradores das regiões afetadas estão desalojados e 707 desabrigados. O número total de deslizamentos chegou a 367 e de casas destruídas, 84.

Só em Laje do Muriaé, na região noroeste do Estado, são duas mortes, 2 mil desalojados e 200 desabrigados. Na região serrana, Petrópolis registrou 228 deslizamentos e oito pessoas estão desalojadas; e em Teresópolis foram 30 deslizamentos, 14 casas destruídas e uma ponte interditada. Em Miguel Pereira, no centro-sul fluminense, 12 casas desabaram e a prefeitura declarou estado de emergência.

Hoje, equipes da Vigilância e Atenção à Saúde da Secretaria Estadual de Saúde, acompanhadas do secretário Sérgio Côrtes, visitam as cidades atingidas no noroeste para avaliar as necessidades das secretarias municipais de saúde.

O governador Sérgio Cabral (PMDB) visitou a região serrana e se defendeu das acusações feitas por diversos setores da sociedade, de que os governos municipal e estadual não teriam agido para evitar novas tragédias como a que ocorreu em janeiro de 2011. "A demanda é muito grande. Ainda temos uma gigantesca tarefa pela frente e essa recuperação não se conclui em um ano", disse ele.

Quatro equipes da Defesa Civil percorreram as comunidades em risco na serra, orientando os moradores. O total de sirenes instaladas no Estado é de 72 unidades, com 41 comunidades atendidas. Entre os materiais enviados para Nova Friburgo estão 100 capas de chuva, 45 kits de higiene pessoal, 90 cobertores, 100 colchonetes, 200 lençóis, quatro rádios, quatro telefones satélite e 15 barracas completas.

Morte de turista no Espírito Santo
Um forte vento destruíu parte da estrutura metálica da Feira do Sol, em Piúma, no litoral sul do Espírito Santo. O acidente aconteceu na segunda-feira. Uma barra de ferra atingiu a cabeça de um turista, que não resistiu aos ferimentos e morreu. De acordo com o Corpo de Bombeiros da cidade de Guarapari, ao menos seis pessoas ficaram feridas.

Os municípios de Ibatiba, no Caparaó, e Domingos Martins, na região serrana do Estado, decretaram situação de emergência em virtude dos estragos e prejuízos causados pelos temporais. O temporal que atinge o Espírito Santo há pelo menos cinco dias deixou ao menos 11.850 afetados em diversos municípios da Grande Vitória e também do interior do Estado. Até agora, são 148 pessoas desabrigadas, 1.164 desalojadas, 17 feridas e 489 casas danificadas ou destruídas.

Previsão de mais chuva no Sudeste
De acordo com a Climatempo, a primeira semana de 2012 deve permanecer chuvosa em Minas, Rio e Espírito Santo devido à Zona de Convergência do Atlântico Sul, que sobre o Brasil. Este sistema é caracterizado por uma extensa faixa de nuvens carregadas que se estende desde o oceano Atlântico (associado à uma frente fria estacionária) até o sul da região Norte.

A Climatempo ressalta que o sistema é persistente e as áreas que ficam sob as nuvens carregadas têm chuva frequente e volumosa. A previsão dos modelos numéricos indica mais de 100 mm de chuva acumulada, entre os dias 3 e 7 de janeiro, no centro-norte de Minas Gerais, no norte do Rio de Janeiro e no Estado do Espírito Santo

 

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