Quando a gaúcha Francesca Fiori Canevese, 18 anos, decidiu que queria ser médica, já sabia que teria de encarar uma série de provas até chegar à universidade. "Quem quer Medicina precisa se agarrar a todas as oportunidades", diz a jovem que já fez quatro vestibulares e agora se prepara para a prova da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que começa no domingo.
Quem se inscreve em muitas instituições encontra provas com estruturas bastante diferentes - algumas com mais ênfase a humanas e outras a exatas, por exemplo. Francesca se dividiu entre exames em Porto Alegre, onde mora, Passo Fundo e Caxias do Sul, também no Rio Grande do Sul. Prestou vestibular para Pontifícia Universidade Católica (PUCRS), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade de Passo Fundo (UPF) e Universidade de Caxias do Sul (UCS). A vaga ainda não foi garantida, mas ela aguarda o bom desempenho na UFRGS. "Meu foco é a UFRGS. Me inscrevi nas outras universidades para ter mais possibilidades, já que meu curso e bem concorrido. Mas estou me preparando mesmo para a federal", conta.
A estudante, que fez curso pré-vestibular em Porto Alegre, diz ter percebido diferenças entre as provas das outras cidades. "O cursinho dava ênfase a conteúdos que certamente cairiam nas provas da PUCRS e da UFRGS. A PUCRS, por exemplo, não costuma cobrar pré-história. Não me preocupei muito com esse conteúdo e acabou caindo na prova de Passo Fundo. Quem faz muitos vestibulares precisa estudar tudo, porque cada universidade cobra uma coisa diferente", diz.
Como se preparar para vários vestibulares?
Foi estudando provas anteriores que Nathan Gimenes, 21 anos, se preparou para o exame da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Morador de Franca, em São Paulo, ele fez pré-vestibular, mas sabia que, para conquistar uma vaga em Mecatrônica na universidade mineira, precisaria dominar conteúdos específicos daquele Estado. "Eu estudava em Franca e, mesmo estando perto de Minas, em uma região com aspectos bem parecidos, achei melhor estudar a partir daquilo que já havia caído em provas de outros anos, para não ser pego de surpresa", conta.
É comum que universidades cobrem em suas provas assuntos relacionados à história e à geografia de sua região. Ainda assim, Nathan garante que não foi surpreendido por conteúdos muito diferentes daquilo que esperava. "No cursinho, nós estudamos as características das regiões, o que me deu segurança na hora de fazer a prova em outro Estado", afirma. Além da UFMT, ele tentou vaga na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e fez a prova da Fuvest. O fato de não ter sido aprovado não desanimou o estudante, que agora vai utilizar a nota do Enem para tentar uma vaga em instituições que adotaram o exame em seu sistema de avaliação. Na hora de se dividir entre várias provas, tanto Francesca quanto Nathan sugerem: nada de deixar o descanso de lado. "Não dá para colocar fora um ano inteiro de estudo. É preciso dormir, esfriar a cabeça", diz a gaúcha. Além de planejar bem o horário de estudo e de focar nas matérias em que a dificuldade é maior, o sono deve estar entre as prioridades de qualquer vestibulando. Se o período for de muitas provas, então, é ainda mais importante se organizar - estudo e descanso são os maiores aliados de quem quer ver seu nome entre os aprovados.
Foco é fundamental, recomenda professor
Fazer provas em muitas instituições, além de tranquilidade, exige muita disciplina e organização. Segundo o coordenador pedagógico do pré-vestibular COC Franca, Paulo César de Barros, existe um equilíbrio entre o número de vestibulandos que realizam prova em apenas uma instituição e aqueles que encaram uma maratona de exames. "Cerca de 60% fazem apenas um vestibular, mas é comum ter quem faça duas, três ou até quatro provas. Mais do que isso começa a ficar difícil, porque muitas datas se chocam", analisa.
Mesmo para quem se prepara para tentar uma vaga em muitas faculdades, Barros é enfático: foco é fundamental. "Ele deve saber que curso quer e onde quer. Não pode querer Jornalismo ou Direito. Deve estar ciente de sua escolha¿, diz. Para o período entre uma prova e outra, a dica é não perder o ritmo de estudo, mas procurar revisar as matérias em que há maior dificuldade. "O conteúdo tem de estar sedimentado. O aluno tende a retomar suas matérias preferidas, em que ele tem mais facilidade. Mas o correto é pegar aquele conteúdo em que a dificuldade é maior", sugere.
Para se dar bem em provas construídas de maneira diferente e que abordam conteúdo distintos, estar bem informado ajuda a lidar com diversos assuntos mais tranquilamente. "Quem quer passar no vestibular deve ler muito. Isso ajuda a se expressar corretamente e dá mais segurança na hora de transitar entre uma área e outra. Quem não é capaz de se expressar vai perder a chance de estudar em uma faculdade grande. O segredo é ler muito, dando preferência a obras de boa qualidade", ensina.
